Por Menkaiká
Para um guarani, existe o seu "jeito de ser" que é aonde está sua sabedoria de vida (ñanderekó, ñanderekó arandu). Esse jeito de ser é ser o que seu pai, seu avô, seus antepassados foram. Ser sempre "igual" é preservar a tradição. Esse "ser igual" garantiu que muita coisa da tradição e da cultura desse povo permanecesse impressionantemente igual durante 3.000 anos, e isso é comprovado arqueologicamente nas cerâmicas e nos desenhos que fazem hoje nas cestarias.
Outra coisa que é essencial ao jeito de ser do guarani é que ele aprende brincando. Desde pequeno aprende de forma lúdica o que seu pai, seu avô e seus ancestrais faziam e eram... Para eles onde tem água tem festa e ele brinca e, assim, ele aprende e da brincadeira vem o conhecimento e a responsabilidade de continuar sendo o que os outros foram e assim preservam seu jeito de ser.
Os guaranis também faziam grandes caminhadas. Essas caminhadas eram feitas num determinado ponto da vida de um guerreiro. Ele saia a visitar outras tribos, a ampliar seus horizontes, a enfrentar o caminho sozinho, mas esse caminho que ele fazia em terra o levava a abrir-se para outro caminho: o da vida espiritual. Era preciso caminhar para conhecer o espírito... Essas caminhadas também preservavam o modo de ser do guarani e garantiam seu caminho de guerreiro espiritual.
Agora me digam, que vocês acham que acontece se são podados de fazerem o "caminho"????
Longe de ideologias políticas, me parece que confinados em reservas perdem o mais importante que é o trânsito livre no território para suas caminhadas, para a integração, para seu lado transcendental e de perpetuação do que lhe tem mais valor que é o seu modo de ser que me parece estar completamente podado...
abraços
Depoimento retirado de: http://yvykuraxo.org.br/CMS/index.phpoption=com_content&task=view&id=45&Itemid=28
Data:18/05/08
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