ESCOLA
ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL GENERAL OSÓRIO
JOSIELI
E SILVA
POVOS
INDÍGENAS
NA
PERSPECTIVA DA ALTERIDADE
Osório
2012
Contexto de trabalho
Escola
Estadual
de Ensino Fundamental General Osório
Classe escolar indígena:
Aldeia Sol Nascente, Estrada do Mar, Km 13, Osório-RS
Séries:
anos iniciais da educação básica
Público alvo:
professores, alunos, a comunidade da aldeia e a comunidade envolvente
Etnia:
Mbyá Guarani
Realização:
professores da classe indígena da aldeia
Professora responsável:
Josieli e Silva
Contatos:
(51)9802-2440-Vivo (51)8224-0961-Tim (51)3601-1702-Fixo
Apoio:
11ª CRE- Coordenadoria Regional de Educação
Enfoque desse ano:
“Trabalho”
Povos Indígenas: na perspectiva da
alteridade
Apresentação
O projeto foi elaborado a partir da
observação do comportamento de socialização apresentado, tanto pela comunidade
da Aldeia Sol Nascente da cidade de Osório, como a sociedade envolvente. O
desconhecimento de ambas as partes é visível. Assim, oportunizamos um momento
de conhecer o outro e poder contribuir com suas necessidades e inquietudes. Faz
se necessário conhecer para valorizar e entender o que me causa estranhamento e
resistência.
Justificativa
A
importância do projeto é notória já que, aproveitando o mês de comemorações
indígenas, além de proporcionar uma integração entre a aldeia e a comunidade
envolvente, trazendo respeito e valorização para os indígenas e agindo de forma
a contribuir com a afirmação aos costumes tradicionais, serve de subsídio e
enriquecimento para o desenvolvimento dos conteúdos curriculares e temas
transversais, como história e cultura indígenas e pluralidade cultural,
contemplando a Lei 11.645\2008.
Objetivos
·
Estimular e propiciar práticas de
alteridade;
·
Promover
a integração entre diferentes culturas;
·
Difundir
a cultura Mbyá Guarani, para que a mesma seja respeitada;
·
Valorizar
a cultura indígena brasileira;
·
Conhecer
a comunidade envolvente, da Aldeia Sol Nascente, Osório\RS.
Conteúdos
Todas as áreas do
conhecimento, principalmente História (História dos Povos Indígenas no Brasil; situação
atual); Língua Portuguesa (textos relacionados com o tema, línguas Indígenas
faladas no Brasil); Geografia (onde estão distribuídos os diferentes Povos
Indígenas no Brasil e no mundo, questão das terras); Ciências (relação com o
cosmo, plantas medicinais, alimentação saudável...); Educação Física (jogos e
brincadeira indígenas e de origem indígena); Ensino religioso (Mitos de origem,
relação com a espiritualidade); Educação Artística (artesanato indígena) e
demais áreas interessadas.
Cronograma
de atividades
Ações
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Período
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“Mês dos Povos Indígenas”: cada ano um
tema é desenvolvido, primeiramente com os alunos indígenas e depois nas
escolas regulares. As produções e
registros escritos pelos alunos indígenas são publicados no Blog e podem ser
trabalhados em outras escolas.
Sugestões
de atividades para as visitas na Aldeia ou na escola acolhedora:
· Agendamento de visitas na Aldeia
ou em escolas da região;
· Apresentações dos alunos indígenas
e um pouco da história da Escola;
· Apresentação da escola visitante
ou acolhedora;
· Coral tradicional Tekoá Kuaray
Rexe;
· Exposição de painéis sobre
trabalhos realizados;
· Apresentação em datashow sobre a
realidade da aldeia;
- Debates
e reflexões;
- Exposição
e venda do artesanato indígena;
- Campanha
de doação de alimentos para a comunidade da aldeia;
- Futebol
da diversidade;
- Jogo da verdade (perguntas relacionadas
ao tema);
- Trilha
com perguntas;
- Trilhas
ecológicas com fotos da flora e fauna da aldeia;
- Panelinha
de barro (confecção de panelas de barro e fogo de chão e conversas sobre
os alimentos tradicionais);
- Contação
de histórias na Língua Guarani;
- Balaios
e tramas;
- Brincadeiras
e jogos tradicionais;
- Roda
de fogueira e chimarrão;
- Navegação
no blog sobre os Povos indígenas;
- Lanche
coletivo;
- Nos
surpreenda, propondo outras atividades de alteridade...
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Abertura do projeto no mês de abril e
desenvolvido ao longo do ano letivo.
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“Blog interativo”: página na internet
com vários links relacionados com os povos indígenas, divulgação dos
encontros realizados, notícias que estão na mídia, textos escritos pelos
alunos indígenas, sugestões de leituras, sugestões de aulas, material para
download, dentre outros.
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Durante todo o ano
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Oficinas pedagógicas para alunos e professores:
aceito convites para oficinas e palestras.
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Durante todo o ano
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Recursos
Os recursos são bem
variados, além de todos aqueles disponíveis na escola, folha de ofício,
têmpera, cola branca e quente, revistas velhas, lápis de cor, caneta hidrocor, papel
pardo, bola, massinha de modelar, também é usado jogos pedagógicos, datashow, computador,
notebook, internet, máquina fotográfica, artesanato produzido pelo Povo
Guarani, livros didáticos, livros de literatura infanto-juvenil, livros de
pesquisas, livros escritos pelos indígenas, dentre outros.
Avaliação
A
avaliação é feita em reuniões com por todos da Aldeia, professores, pais,
alunos e o Cacique, sempre com novas sugestões e observações diárias.
Todos
os envolvidos nessa proposta de ensino-aprendizagem gostaram muito,
principalmente dos encontros. E perceberam que precisamos conhecer, respeitar e
aprender mais com o outro. Os alunos indígenas ficaram espantados com as
curiosidades dos alunos da cidade, revelando a falta de conhecimentos quanto a
sua cultura indígena. As escolas visitantes estavam abertas para novas experiências
de alteridade. Estamos na expectativa de um novo encontro...
Referências
bibliográficas
FREIRE, José Ribamar Bessa.
Cinco ideias equivocadas sobre os índios. In: Educação, cultura e relações
interétnicas, Ahyas Siss e Aloísio Monteiro. Rio de Janeiro: Editora da UFRRJ,
2009. p. 80 a 105.
CENTRO OPERACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS,
Implementação do ensino da História e cultura indígena na educação. Porto
alegre: Ministério Público/Procuradoria-geral de Justiça, abril de 2010.
LUCIANO,
Gersem dos Santos. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos
indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.
MINISTÉRIO
DA EDUCAÇÃO, Secretaria de Educação a Distância. Índios no Brasil. Brasília:
MEC, 1999. (Cadernos e vídeos da TV Escola)
OLIVEIRA,
João Pacheco de e Carlos Augusto da Rocha Freire. A presença Indígena na
formação do Brasil. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.
PRESIDÊNCIA
DA REPÚBLICA, Casa Civil. Lei nº 11.645, de março de 2008. Disponível em
.
Acesso em: 08 mar. 2011.
SARAIVA,
Sabine. A política curricular no Brasil: entre valorização da diversidade
cultural, consideração das memórias particulares e construção de uma história
compartilhada. Tradução de Marcelo Ferreira. Revista Eletrônica de Educação.
São Carlos, SP: UFSCar, v. 4, no. 2, p. 85-110, nov. 2010. Disponível em .
Acesso em: 04 maio 2011.
SILVA, Maria da Penha da. A
temática indígena no currículo escolar à luz da Lei 11.645/2008. Cad. Pesq.,
São Luís, v. 17, n. 2, maio/ago. 2010. Disponível em
GRUPIONI,
Aracy Lopes da Silva e Luís Donizete Benzi (org). A temática indígena na
escola: novos subsídios para professores de 1º e 2º graus. Brasília, MEC/MARI/
UNESCO,
1995.
REVISTA ÍNDIO,
História, Cultura e Política. Ministério
da Cultura/ Secretaria de Políticas Culturais: Programa Cultura e
Pensamento/MinC, ano 1, nº 1 e nº 2. 2011.
COMIN/CAPA (Parceria)
& Escolas Indígenas da Terra Indígena Guarita, Org. José Manuel Palazuelos
Ballivián. Belo Horizonte: UFMG, 2006.
Anexos
Para
refletir:
Alteridade
A palavra alteridade significa para ket: O significado da palavra alteridade possui o
sentido de colocar-se no lugar do outro numa relação interpessoal junto com a
consideração, valorização, e dialogando com o outro. Isso ocorre com relações
étnicas, religiosas, etc. Não há a preocupação de destruição da outra cultura
quando a prática da alteridade acontece, no modo de agir, de pensar ou falar, o etnocentrismo não vai ser um
problema. A prática da alteridade leva ao ato da cidadania estabelecendo uma
relação pacífica e construtiva com a diferença, conforme se identifique,
discirna e aprenda a aprender com o contrário. O choque sempre ocorre, a partir
do momento em que duas ou mais culturas encontram-se, mas isso é necessário
para que haja a troca de informações entre eles, uma relação interpessoal. Para
a antropologia o conceito de unidade o homem é a facilidade de criar modos de
vida e formas de organização social muito diverso. A semelhança entre os seres
humanos é a capacidade para se diferenciar uns dos outros, para elaborar
costumes, línguas, modos de conhecimento, instituições, jogos muito diversos. O
projeto antropológico consiste no reconhecimento e conhecimento junto com a
compreensão de humanidade plural. A abordagem antropológica provoca a revolução
do olhar, implicando numa mudança radical, ruptura com idéias.
O sinônimo é
"relação interpessoal".
O antônimo da palavra "alteridade" é "preconceito".