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domingo, 2 de dezembro de 2007

Mercosul: professor quer política comum para índio guarani

Tempo real - 23/11/2007 15h39


O professor da Universidade Católica Dom Bosco (MS) e representante do povo indígena Guarani, Antônio Brand, defendeu há pouco que os países do Mercosul instituam políticas públicas comuns para os índios guaranis. Segundo o professor, eles são hoje cerca de 220 mil em cinco países (Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai).

De acordo com Antônio Brand, as fronteiras do povo Guarani não correspondem às fronteiras geopolíticas dos países, e as comunidades guaranis mantêm contato permanente entre si. Por isso, segundo ele, é importante que os países padronizem suas políticas públicas.

Comunicação prejudicada

O professor também denunciou que os índios vêm sendo agredidos pelo agronegócio, que impede a circulação dos indígenas pelas terras onde estão implantados grandes projetos agropecuários. "Isso dificulta a comunicação histórica entre as comunidades", explica Brand. Ele também destacou que a Convenção 169 do Mercosul estabelece vários direitos para os povos indígenas, entre eles, o de manter relações intercomunitárias e cooperação.Antônio Brand participa do seminário "O Parlamento do Mercosul e os Direitos Humanos", promovido pelas comissões de Direitos Humanos e Minorias; e de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, junto com a Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul e a Comissão de Direitos Humanos do Parlamento do Mercosul. Neste momento, o tema em debate é "Infra-estrutura e direitos socioambientais"O evento ocorre no plenário 3.

(do site http://www.2.camara.gv.br/ – Portal da Câmara dos Deputados)

Política Indigenista do Governo Lula é mera retórica

O ano de 2007 foi marcado conjunturalmente pelo anúncio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que nada mais é do que um amontoado de obras de infra-estrutura e de grandes investimentos agroindustriais da iniciativa privada, com financiamento de recursos públicos. No entanto, este programa serve como uma espécie de chapéu, que faz sombra aos pés de barro das estruturas nas quais estão alicerçadas as políticas públicas direcionadas para a população brasileira que, na sua ampla maioria, é composta de gente que vive abaixo da linha da pobreza. A fórmula de “aceleração” do crescimento parece ser essa: investimentos volumosos em obras que asseguram lucratividade a grandes aglomerados financeiros e um conjunto de ações compensatórias (bolsa escola, bolsa família) para diminuir o impacto causado pela falta de políticas sérias e voltadas para a população.

O foco das obras do PAC não é a população empobrecida, não são aqueles que dependem de assistência pública em saúde, educação, habitação, seguridade social, que deveriam ser entendidas como direito social e não como mercadoria ou produto de consumo. O PAC está direcionado para favorecer setores da agroindústria, dos agro-combustíveis; os setores que pretendem explorar a energia hidráulica (hidrelétricas); o latifúndio da soja, da cana, do gado; a indústria de celulose, como Aracruz e a Votorantim; os grandes bancos como Bradesco, Itaú, HSBC, os que cada vez lucram mais no país. Expandir investimentos, assegurar infra-estrutura para acelerar o crescimento tornou-se quase uma “lei universal” e, para tanto, não são questionados os caminhos e nem mesmo os impactos sociais, ambientais, econômicos e políticos que estas ações irão provocar.

Além dos incentivos às empresas que praticam o plantio (em larga escala) do eucalipto, do pinos e da cana-de-açucar, promovendo um verdadeiro “deserto verde” em amplas regiões do sul, sudeste e centro-oeste do país, o governo está agora oficializando a privatização das florestas na Amazônia, entregando-as para a exploração de grandes madeireiras. O argumento é de que esta exploração será feita através de planos de manejo auto-sustentáveis. De saída, poderíamos indagar sobre as estruturas que o governo pretende colocar a serviço desse controle e manejo, ou será que devemos confiar no bom senso e na consciência ambiental de empresas que visam acima de qualquer coisa, assegurar os próprios lucros e os de seus acionistas? Nestas florestas habitam diversos povos indígenas, alguns deles vivendo em situação de isolamento, devendo, portanto, ser protegidos pelo governo. Suas vidas são inegavelmente ameaçadas pelo avanço descomunal da exploração madeireira, que está sendo oficializada pelo Ministério do Meio Ambiente.

O que isso tem a ver com a política indigenista do governo Lula? Vale lembrar que o Conselho Indigenista Missionário divulgou recentemente um balanço da política indigenista em 2007. Neste balanço, o Cimi aponta os graves problemas que afetam os povos indígenas e todos estão diretamente relacionados ao PAC. O primeiro diz respeito à questão fundiária: existe uma completa paralisação nos procedimentos de demarcação e desintrusão das terras indígenas, tendência que se observa desde o início do primeiro mandato do presidente Lula, e que se intensifica agora, porque muitos dos investimentos do PAC incidem sobre essas terras de norte a sul do país. Diante disso, o governo se omite, negligencia e descumpre o que determina a Constituição Federal e deixa de aplicar os recursos que deveriam ser destinados à demarcação, proteção e fiscalização das áreas indígenas. No ano de 2007 o investimento federal, no que tange a esta demanda, foi quase zero. Some-se a isso o fato da Funai estar completamente sucateada em termos de infra-estrutura e de pessoal qualificado para o exercício das obrigações administrativas, técnicas e de execução de serviços junto às comunidades indígenas.

O segundo grave problema é a violência que tem assolado dramaticamente os povos indígenas. Neste ano, até o final do mês de novembro, foram assassinadas 61 pessoas e somente no Mato Grosso do Sul foram mortas 38, sem contar as tentativas de assassinatos, as agressões, o confinamento em pequenos acampamentos na beira de estradas, ou no interior de fazendas. E ainda há de se destacar a exploração da mão de obra indígena nos canaviais onde, recentemente um grupo móvel de fiscalização de trabalho escravo encontrou 820 indígenas que trabalhavam em situação degradante, nas propriedades da Companhia Brasileira de Açúcar e Álcool (Agrisul, CBAA e Usina Debrasa). No que se refere à Debrasa, o programa “Globo Rural” da Rede Globo fez propaganda como sendo modelo de empreendimento. Depois se confirmou que a propaganda era enganosa porque nesta usina, os índios não são tratados como cidadãos.

O terceiro problema diz respeito à própria política indigenista, que deveria estar amparada numa legislação que assegure a ampla participação indígena nas discussões, planejamento e execução dos serviços. Para isso, é necessária a aprovação do Estatuto dos Povos Indígenas, que se encontra engavetado no Congresso Nacional desde 1994. A principal razão para que o Estatuto não seja colocado em votação parece ser a opção preferencial que a casa legislativa insiste em manter pelos setores que têm interesses na exploração das terras indígenas, tais como as madeireiras, mineradoras, latifundiários da soja, cana, eucalipto e gado. Os povos indígenas, na ótica dos referidos segmentos, devem ser tratados como empecilhos e/ou como penduricalhos (expressão do presidente da República) a serem removidos pelo poder público e não como sujeitos merecedores de garantias constitucionais.

Com essa concepção em curso, as terras indígenas ficam vulneráveis a aprovação de legislações específicas ou grandes projetos que permitem atividades e ações meramente exploratórias e sem compromisso com a preservação da vida, da natureza e dos direitos dos povos que milenarmente ocupam o território brasileiro. Grave exemplo disso é o que vem acontecendo na região nordeste com a implantação do projeto de transposição do Rio São Francisco. A transposição afronta a legislação ambiental, porque causará impactos irreversíveis ao meio ambiente, afeta a legislação indigenista porque desrespeita a Constituição Federal em seu artigo 231, no qual se determina que as obras planejadas sobre terras indígenas precisam de uma regulamentação especial, além do consentimento do Congresso Nacional e ouvidas as comunidades indígenas. É necessário considerar, principalmente, que a transposição do Rio São Francisco afeta diretamente a vida e os interesses das populações ribeirinhas, das comunidades pobres que dependem dele para a sua subsistência e dos povos indígenas que mantém vínculos históricos, místicos, sagrados e cotidianos com o Rio.

O quarto problema que afeta diretamente a vida dos povos indígenas relaciona-se à política de atenção á saúde. A terceirização e municipalização das ações e serviços na assistência às comunidades é uma afronta a Lei Arouca (Lei 9.836/99) que define pela implementação de um Subsistema de Atenção a Saúde Indígena, tendo por base os Distritos Sanitários Especiais com autonomia administrativa e financeira. O Subsistema deve estar intrinsecamente ligado ao SUS e que seja gestionado por uma Secretaria Especial vinculada ao Ministério da Saúde, mas com responsabilidade exclusiva pela saúde indígena. Ao contrário disso, o governo insiste em manter convênios terceirizados com ONG’s e prefeituras causando descontentamento nas comunidades indígenas, causando danos administrativos, financeiros e de acompanhamento as necessidades e anseios dos povos indígenas e, acima de tudo, impedindo a efetiva participação destes povos no controle, planejamento e execução dos serviços. Registram-se, em função disso, o alastramento de doenças como hepatite, malária, tuberculose, parasitoses, desnutrição e mortalidade infantil.

Os povos indígenas e as entidades indigenistas propuseram ao governo a criação de um Conselho Nacional de Política Indigenista, mas a proposta foi rejeitada. Em seu lugar, depois de muita pressão do movimento indígena, foi constituída a CNPI (Comissão Nacional de Política Indigenista) que acaba por ter um caráter meramente de discussão e debates. Tanto é assim que, no que se refere à saúde indígena, o Ministério da Saúde emitiu a Portaria de número 2656/2007 sem que o assunto fosse discutido na CNPI. Outro aspecto que demonstra a falta de compromisso do atual governo com a CNPI é o fato de sua base de sustentação no Congresso Nacional ter instalado uma Comissão Especial para discutir o projeto de mineração em terras indígenas, (o PL 1610/96 do senador Romero Jucá) sendo que havia um acordo na CNPI de que esta matéria seria remetida à discussão na proposta de Estatuto dos Povos Indígenas.

Diante de todas essas questões podemos concluir que o atual governo não tem interesse em se indispor com os segmentos que ele considera estratégicos para a sua sustentação enquanto governo, nem com os grupos econômicos que vislumbram grandes rentabilidades financeiras com a política brasileira. Portanto, nesta conjunção de forças entre o capital e o social, os povos indígenas não passam de retórica (em discursos esporádicos) para agradar a alguns segmentos internacionais preocupados com a defesa dos Direitos Humanos no Brasil.

Porto Alegre (RS), 27 de novembro de 2007
Roberto Antonio Liebgott
Vice-Presidente do Cimi

Antecedentes históricos: datas e acontecimentos significativos para entender a situação atual do índio no Brasil

Após algumas pesquisas e leituras, surge um cronograma das principais atividades governamentais e privadas, realizadas no contexto político-social do Brasil, referente às questões indígenas desde o século XX até a atualidade, com o intuito de preservar a cultura e autonomia destes povos de características tão diferenciadas e próprias. Discursos e escritas de caráter humanístico, que na prática pouco funcionam, apresentando nitidamente a situação do índio em meio a tantos interesses partidários, financeiros e pessoais, mantém se resistente, embora sempre em segundo plano na sociedade branca.

Em 1910, “atendendo às pressões de intelectuais e de personalidades estrangeiras, o governo decidiu criar um serviço de apoio às populações do interior, o Serviço de Proteção aos Índios e de Localização dos Trabalhadores Nacionais, ligado ao Ministério da Guerra. Mas tarde, a questão dos trabalhadores foi separada, passando a existir então o Serviço de Proteção ao Índio, o famoso SPI.”(Prezia, 2000-p.145).

Em 1967 no lugar do SPI surge a Fundação Nacional do Índio – Funai, “como órgão do Estado brasileiro responsável pela tutela dos povos indígenas, a crescente participação dessa Fundação, a partir de 1969, em processos de abertura de estradas e em outras formas de penetração na região da Amazônia, sob o regime ditatorial militar em curso à época, a maciça entrada de capitais internacionais financiando a ditadura e os interesses agroindustriais, teriam como contrapartida uma certa configuração interna à agência tutelar” (Souza Lima, 2002).

Nessa época, “a Igreja Católica no Brasil era sacudida por um intenso debate, fruto do Concílio Ecumênico Vaticano II. Surgiram neste período várias organizações e pastorais, entre elas a Operação Anchieta- Opan e o Conselho Indigenista Missionário- Cimi, que deveriam articular e revisar o trabalho dos missionários católicos junto aos povos indígenas. Em contra partida os evangélicos lançaram o Centro Ecumênico de Documentação e Informação- CEDI, que organizou um setor indigenista para acompanhar mais de perto a questão indígena. E mais tarde então, em vários Estados acontece a criação de muitos grupos de apoio a questão indígena, como a Comissão Pró-Índio- CPI, a Associação Nacional de Apoio ao Índio- Anai, o Centro de Trabalho Indigenista- CTI e o Conselho Missionário Nacional- Comim ou Conselho de Missão entre Índios – Comin” (Prezia, 2000-161).

Em 1973- Promulgação do Estatuto do Índio, elaborado pelo Ministério do Interior, que promete demarcar as terras indígenas num prazo de cinco anos. (Lei 6001/73),

Em 1974- Primeira Assembléia de Chefes Indígenas, em Diamantina, Mato Grosso, organizada pelo Cimi.

Em 1980- Criada a Uni- União das Nações Indígenas, articulação de todos os povos indígenas do Brasil.

Em 1988 a nova Constituição entra em vigor, e nela “os povos indígenas foram reconhecidos como detentores de direitos originários à terra, como atores juridicamente capazes para entrarem em juízo através de suas organizações, rompendo com o status a eles atribuído pelo Artigo 6º do Código Civil de 1916, que os colocava como portadores de capacidade civil relativa, a mesma condição das mulheres casadas (até 1962), dos loucos, dos pródigos, dos maiores de dezesseis anos e menores de vinte e um, sendo que seu parágrafo único estabelecia o regime tutelar e facultaria ao Estado nacional brasileiro o papel de seu tutor.” (Souza Lima, 2002)

Em 1991- Reunião em Brasília para discutir o novo Estatuto do Índio, com a participação de 121 lideranças indígenas, representando 51 povos.

Em 1992- Cerca de 350 lideranças, representando 101 povos e 55 organizações formam o CAPOIB- Conselho de Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil.

Em 1993- Ano Internacional dos Povos Indígenas.


“Os direitos à organização própria foram contemplados por uma política nacional de educação indígena no nível do ensino fundamental, que teve na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996) um marco. A partir de 1999, desenvolveu-se uma política nacional de saúde indígena, atribuição da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA)/Ministério da Saúde. Em junho de 2002, finalmente o Congresso Nacional ratificaria a Convenção 169 sobre Povos Indígenas e Tribais, da Organização Internacional do Trabalho, válida no ordenamento jurídico brasileiro desde agosto de 2003, que estabelecendo o critério de auto-atribuição, reconhece aos indígenas o direito fundamental de serem percebidos como povos, sem que isso signifique soberania territorial” (Souza Lima, 2005).
E hoje como está a cidadania indígena?

Indígenas reivindicam políticas públicas


Guarani e kaingang criticam o sucateamento da Funai, exigem a demarcação de suas terras e infra-estrutura nas aldeias

Raquel Casiraghi de Porto Alegre (RS)
Miséria nas aldeias e nas cidades. Essa é a situação em que se encontram a maioria dos índigenas no Rio Grande do Sul. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), existem cerca de 38 mil indígenas, entre guarani e kainkang, no Estado, além de remanescentes de charrua, não-reconhecidos oficialmente pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
As dificuldades são comuns a todos. Devido à degradação ambiental, que inviabiliza a caça e a coleta, esses povos sobrevivem basicamente da produção e venda de artesanato. Soma-se a falta de políticas públicas, principalmente a demarcação de suas terras e infra-estrutura nas aldeias.
“Os índios saem de suas aldeias em busca do que não têm. A situação é caótica. Existem problemas como a fome e a desnutrição. As políticas do governo são passageiras e não há um projeto de autosustentação das comunidades”, afirma Juvino Sales, kainkang da Aldeia Guarita. Para ele, os programas governamentais deveriam ter como objetivo a organização das aldeias, para fortalecê-las, na perspectiva de sua independência da tutela do Estado.
Para a antropóloga Mariana de Andrade Soares, nunca houve políticas públicas que realmente construíssem alternativas de melhoria de vida dos indígenas. Ela aponta que a Funai sempre teve um papel assistencialista junto aos índios, reforçando a dependência. “A Funai está sem dinheiro e com profissionais que trabalham ainda sob o ponto de vista da tutela, de uma visão de desenvolvimento a partir do olhar do branco”, critica.

FRACASSO NAS POLÍTICAS
É da mesma opinião José Cirilo Pires Morino, chefe-geral do povo guarani do Rio Grande do Sul e morador da reserva indígena da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. “O governo e os técnicos precisam construir com os índios e não querer ensinar a eles. As políticas públicas precisam partir das necessidades dos índios”, afirma.
Pires Morino conta que, durante a estruturação da aldeia na capital gaúcha, os guarani pediram ao governo estadual galinhas e sementes de milho. Os técnicos rejeitaram o pedido e levaram cavalos, carroças e bois. A opção foi um fracasso. “Cavalo, boi e carroça não é da cultura dos índios. Se tivessem respeitado a nossa escolha, isso não teria acontecido”, diz.
A antropóloga ressalta que os povos indígenas enfrentam uma situação ambígua: resguardam suas línguas e seus costumes, mas precisam se inserir na sociedade branca para reivindicar seus direitos. “Os índios, que antes viviam uma vida tradicional, hoje já não podem mais, devido às condições de degradação da terra e da natureza”, explica.
Desde a sua criação, em 1967, a Funai trabalhou pelo viés da “integração” com a sociedade. As etnias indígenas, em sua maioria, foram impedidas de terem práticas religiosas, por exemplo. Em diversas áreas, as famílias perderam totalmente a língua. Muitas trabalharam em regime de mutirão, plantando monoculturas, principalmente a soja, em áreas particulares e do governo.
DEMARCAÇÃO DAS TERRAS
Os kaingang, por serem mais sedentários do que os guarani, sofreram diretamente a ação política da Funai no Estado. “A Funai foi responsável por disseminar a ideologia branca. Quando ela surgiu, desconsiderou o nosso sistema e usou os índios como escravos, para trabalhar na monocultura da soja”, conta Juvino Sales. Os efeitos dessa política são sentidos atéhoje nas aldeias. “A monocultura da soja acabou com o sistema indígena de plantio para subsistência e a atividade coletiva entre os índios”, lamenta.
A lentidão na demarcação das terras indígenas é outro pontochave. Segundo a Funai, das 27 áreas indígenas gaúchas, 63% estão demarcadas e 11% em processo de demarcação. Enquanto isso, indígenas continuam morrendo em acampamentos de beira de estrada e sendo ameaçados por grileiros e fazendeiros. “Não adianta demarcar 20, 30 hectares, porque senão vamos viver em uma gaiola. O índio tem que ter condições de se sustentar”, alerta Pires Morino.

(WWW.scielo.br, em 19/11/2007 - última modificação em 06/02/2006)


Será que os índios devem estar integrados em nossa cultura ou apenas viver coforme as suas tradições, "presos" em suas aldeias demarcadas?