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terça-feira, 20 de maio de 2008

As Isabelas indígenas não comovem a sociedade?

Wilson Matos da Silva*

O que assistimos, lemos e ouvimos, pela imprensa falada, escrita e televisada nos últimos dias, sobre o assassinato da menina Isabela Nardoni é algo fenomenal, uma verdadeira pirotecnia, emissora, de rádio e TVs; repórteres disputavam espaço em frente ao prédio da família Nardoni. Família de classe média alta desapertou a atenção até de uma famosa emissora de TV do país, que representa o 4º poder no Brasil Tupiniquim.Quantas Isabelas são assassinadas, violentadas diuturnamente neste país? Quantas Isabelas morrem desnutridas, estupradas e violentadas nas Aldeias do nosso imenso Brasil? Quantas Isabelas indígenas perderam suas vidas em um barraco de lona às margens das rodovias do MS? Quantas Isabelas índias ainda vamos prantear?Na imprensa, índio não dá ibope! A sociedade nunca se indignou com a morte das nossas Isabelas, afinal assistem mortalidade infantil indígena há cinco séculos, sem, no entanto, cobrar dos responsáveis. É tudo muito comum. O assassinato das nossas Isabelas índias não pode ficar impune, porque muitas outras "Isabelas" esperam que alguém faça alguma coisa para mudar suas histórias e acabar com a violência crescente, a discriminação e o suicídio!Assim se naturalizou um sistema de poder que afirma a liberdade e a igualdade e pratica a opressão e a desigualdade. A escravidão índia, outrora desabrida com os recursos do aparato sádico da força bruta, hoje se traveste com requintes mais sutis, mas nem por isso menos sombrio. Culturalmente amordaçados, vivemos hoje a pior das vidas; não somos visto, não somos ouvido, não somos lembrado, não somos cidadãos. Para o professor doutor Fabio Trad, "gerações foram criminosamente adestradas ao conceber o índio sob a ótica do folclore, passo decisivo a estigmatização social; um ser diferente do homem "civilizado", que cantam e se vestem diferente de nós outros, que pinta o corpo e lança flechas, dança ritmos estranhos, vivendo assim despretensiosamente sem preocupar-se com os ingredientes que nos distinguem". Faço minhas as sábias palavras do professor: nossa matemática não é contábil; nossos lucros não são materiais; nossas musicas não buscam audiências; nossas preces não negociam o perdão; nossa filosofia se faz com TERRA, ÁGUA, URUCUM, IGUALDADE E AMOR À VIDA. Séculos de racionalismo embotado os fazem crer que mais evoluídos são aqueles que dominam a tecnologia da morte aos que propaga a cultura da vida. Pensam serem homens tecnologicamente superiores, portanto titulares da dominação de culturas e povos. "Neste contexto, o índio é escravo da morte, mesmo sendo propagandista da vida."Recusamos a escravidão do desaparecimento da vida, em vida. Olhamos para frente e não vemos futuro. Olhamos para os lados, pobreza, indigência, miséria, confinamento, exploração, fome, alcoolismo, desemprego, aculturamento, prostituição, preconceito. Olhamos para trás e recordamos, pela oralidade de nossa história, tempos idos em que éramos gente, pois toda gente tem o direito de viver. "Não vivem, por isso se matam, mas se matam para viver de outro modo". Os "civilizados" irascíveis e embrutecidos, preocupados com o umbigo de uma civilização decadente e assassina, aprendiz da guerra, apologista da insensibilidade ao próximo. precisam educar os seus espíritos para aprender com nós os índios que a vida é a imanência da natureza, e, portanto não vale a pena ser vivida a não ser com paz, liberdade e justiça. Ser índio não é ser contra ninguém. É ser a favor da dignidade da pessoa humana. Esta dívida histórica tem que ser paga com urgência. Cabe àqueles que tem esperança de estancar este processo genocida a tarefa de levantar o povo e despertar a consciência cívica da nação para o cumprimento – Art. 67 ADCT) - da demarcação das terras indígenas. A omissão será cobrada pela história de forma implacável.Para a continuação de nossas proles necessitamos do cumprimento de mandamento constitucional, a Demarcação das terras indígenas se impõe imperiosa diante das desgraças vividas pelos nossos povos, simplesmente pela falta de espaço adequado para o desenvolvimento de nossas culturas, quando o artigo 231 da Constituição federal diz no § 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as utilizadas para suas atividades produtivas,... as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.Nós os Índios choramos todos os dias nossas Isabella Nardoni! Nossos prédios são árvores. Quem são os nossos assassinos? Por que choram a Isabella do "branco" e ignoram as nossas Isabella dos índios? Por que sequer estranham o fato de ÍNDIOS CRIANÇAS, ADOLESCENTES COMETEREM SUICÍDIO? CRIANÇAS CEIFANDO A VIDA DE TANTA TRISTEZA...
Redigido com auxílio do discurso do Dr Fabio Ricardo Trad, proferido 16 de abril de 2008, na Câmara Municipal de Campo Grande, ‘site da OABMS.
*É índio residente na Aldeia Jaguapirú, Advogado, Pós-graduado em Direito Constitucional, Presidente da Comissão Especial de Assuntos Indigenas da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do MS (CEAI OAB/MS), e Advogado da Warã Instituto Indígena Brasileiro com sede em Brasília e-mail: wisonmatos@pop.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

nnnn